

“Se você deseja que eu viva, esse desejo tornou-se realidade. Esse único desejo...”

WINTER CICADA
Durante a Era Tokugawa o Japão se dividia entre aqueles que queriam que o país se abrisse para as outras nações e os que não queriam a presença de estrangeiros em sua pátria. No topo da resistência aos estrangeiros estava o clã Choushu, mas no seio desse clã havia um homem que conseguia enxergar a inevitável abertura do Japão.



Akisuki, por ser do Bakufu, para princípio de assunto, não deveria nunca poupar um samurai Choushu, mas acabou fazendo-o e sendo punido por isso. A intenção de Akisuki nunca foi trair seu clã, mas evitar conflitos internos no país. Sua crença de que o Japão deveria se manter unido e não dividido para não ficar em posição de inferioridade diante dos outros países ao abrir-se para os estrangeiros fez com que ele salvasse dois samurais Choushu que eram suspeitos de incendiarem a embaixada americana.

Um ano após ter salvado a vida desses dois, Akisuki se encontra com um deles diante da academia onde ele estudava inglês. Ao descobrirem que ambos compartilhavam as mesmas déias, Akisuki e Kusaka tornam-se amigos.

Como Kusaka não pode freqüentar a academia, Akisuki decide ser seu professor. Assim, começa uma das histórias de amor mais doce e triste que já vi.

Na verdade Winter Cicada é o filme que Katou e Iwaki, Haru Wo Daite Ita, gravaram durante a série. Katou, então, é Kusaka e Iwaki é Akisuki. Os personagens até se parecem bastante em questão de comportamento. Kusaka é quase tão aberto em suas demonstrações de afeição quanto Katou, por sua vez, Akisuki é reservado e sincero como Iwaki.

Esses são só alguns detalhes que não fazem diferença ao se assistir os ovas. A história de Winter Cicada independe do conhecimento prévio de Haru Wo Daite Ita.

Como os clãs de Akisuki e Kusaka são de idéias contrarias, os dois não podem ser vistos juntos, por isso eles se encontram escondidos para poderem estudar. Todas as tardes, junto à um rio, o local especial de Akisuki, os dois se sentam para estudar inglês e discutirem sobre a política do país.

Até aí só uma bonita amizade, mas pouco a pouco Kusaka percebe que está se apaixonando por Akisuki. Como se não bastasse a situação de seus clãs, a diferença entre os dois é enorme. Akisuki é filho de um magistrado de cidade (um cargo público importante na época) e foi criado em um ambiente que Kusaka só pode imaginar. Enquanto um é refinado e, de certa forma, frágil, o outro é simples e um tanto brusco.

Ao perceber que sua ligação com Akisuki pode prejudicar ambos, Kusaka decide se afastar do amigo. Mesmo tendo feito isso, não consegue evitar uma discussão com outros membros do clã Choushu e acaba sendo espancado, já que não gosta de resolver seus problemas sacando sua espada. Mas, enfim, ele recebe permissão para ir estudar em Londres.

Kusaka e Akisuki, então, se separam não mais como amigos, mas como amantes. Em Londres, Kusaka só pensa em Akisuki, mas ao voltar percebe que a situação entre seus clãs está pior do que quando partiu e agora seu amado é, de fato, seu inimigo.

Como Kusaka fará para ser leal ao seu amor sem trair o seu clã? O jeito é terminar com a guerra civil o mais rápido possível em um ataque fulminante, mesmo sabendo que isso pode acabar matando o homem que ama. Assim, Kusaka passa a ser admirado e temido por sua fúria em campo de batalha e sendo invejado por todo o prestigio que recebe por isso.

Por sua vez, Akisuki, ao ver a queda do sistema Tokugawa Bakufu, que jurou proteger ser destruído, embora ame Kusaka mais que tudo, não é capaz de simplesmente aceitar as coisas como são.

“O sistema Tokugawa Bakufu que durou cerca de 200 anos entrou em colapso. Nós, os preservadores de Tokugawa, sem lugar para ir, abandonamos as expectativas que as pessoas colocaram em nós, confinamos nossos sonhos nesta terra selada em gelo e construímos um país, a República de Ezo.”

Akisuki só queria viver da maneira que achava certa e não ter que se sujeitar a um sistema em que ele não acredita. Ele e os outros remanescentes Bakufu, considerados desertores, fundaram um país que não foi reconhecido pelo novo sistema de governo japonês. Assim iniciou-se uma guerra sem esperanças para aqueles que queriam um novo país.

Por mais que se amem, Kusaka e Akisuki vivem em uma época em que não podem ficar juntos. Esperança, é só o que eles tem.

“Se não fosse essa época, nós também, talvez, seriamos capazes de ficar juntos.”(Akisuki)

“Estou certo de que esta época chegará! Um dia quando nós pudermos ficar juntos sem ser cativos de nosso status social ou clã.”(Kusaka)

“Então, até esse dia chegar, eu queria poder dormir como este besouro...”(Akisuki)

Essa é a trama de Winter Cicada que é contada em três ovas que você encontra em vários sites. Se tem mangá, eu não sei, mas quem quiser conferir Haru Wo Daite Ita, pode baixar os mangás traduzidos no Aino e o anime em vários sites como o Forever Yaoi, Yaoi Extreme e, até, no AnimeHouse.

“Às vezes, homens e mulheres nascem
Fora de época, como as cigarras no inverno.
Ainda que essas cigarras, sem lamentar sua breve vida, devotarem-se a cantar, ninguém diria que elas mentiram.
Embora alguns digam que isso é um sonho que perambula pelos campos secos,
Algum dia, depois da longa passagem do tempo, isso irá se tornar verdade.
Ah, vida é vida e sonhos são sonhos...
Pergunte ao vento onde eles irão desabrochar.”